Hoje viajaremos para uma região que ocupa predominantemente dois estados brasileiros. O Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul e que, assim como as cervejas, todo o ciclo natural depende da água. Estamos falando da maior planície alagável do mundo, o berço de milhares de espécies de animais e plantas, e que é campo para o sustento de muita gente boa e trabalhadora do nosso país, que vem sobretudo sofrendo bastante com diversas queimadas neste bioma tão importante. O Pantanal é formado pelo encontro de rios que se situam na Bacia do Alto Paraguai. Um território gigante que se estende por três países. O Brasil, a Bolívia e o Paraguai. Tem 624.320 quilômetros quadrados e divide-se em dois períodos de cheias e secas. Todos nessa região, dependem destes ciclos de águas, que sobem durante 6 meses em cheia e depois baixam para voltar a alagar depois (quase como os ciclos das marés). Esse movimento das águas é o que garante os períodos de plantio, a existência de espécies animais e vegetais, o fornecimento de água, além de estabilizar o clima e conservação do solo sempre fértil. Esta região possui também uma grande atividade humana, afinal também tem grandes centros urbanos à sua volta. ONGs e programas ambientais travam uma batalha para manter este ecossistema vivo. Este bioma influencia todo o modo de vida humano em volta. O comportamento das pessoas, seus hábitos, sua cultura e sua culinária tem influência direta do Pantanal. E é exatamente atrás disso que nós estamos. Se tem culinária regional, a gente leva cerveja! Então ao som de Pantanal , do Marcos Viana, é que vamos aprender mais sobre harmonização de cerveja com culinária pantaneira.
Arroz de Carreteiro
Esse é um prato super tradicional da culinária pantaneira. Era a alimentação das comitivas que levavam gado de uma planície a outra. Feito principalmente de arroz e condimentos. A carne seca servida com esse prato ia direto no lombo dos animais e retrata a história desse povo. Uma boa harmonização para este prato é uma Dunkel, o dulçor de malte, junto com as notas tostadas desta breja, irão promover uma harmonização bem semelhante com o prato e a carne seca.
Macarrão de comitiva
Aqui temos uma variação do arroz de carreteiro. Feito do mesmo modo, troca apenas o arroz pelo macarrão e é igualmente servido com carne seca. Aqui vamos de Hefe Weizenbier Dunkel, cerveja de trigo com malte tostado ou com leve torra, vai harmonizar muito bem com a massa, além de assemelhar-se com a carne seca. Um grande problema que as comitivas passavam era atravessar o gado em rios lotados de piranhas. Por conta disso, seguimos para a próxima harmonização.
Caldo de Piranha
Aqui nós pervertemos a natureza e transformamos em presa um peixe que costuma ser um dos maiores predadores do pantanal. Quase uma moqueca, feita com piranha fervida na água, azeite, bem temperado com salsa, cebolinha e alho. Um prato incrível que mostra que a piranha pode ter até um dente que quebra um osso humano, mas nós temos a sapiência da culinária. Aqui harmonizamos este prato com uma Catharina Sour, de preferência com adição de frutas cítricas. Ela vai te oferecer uma complementação maravilhosa ao prato.
Rapadura de jaracatiá
Jaracatiá é um arbusto que cresce no pantanal. Uma planta bem comum, entretanto, sua polpa é responsável por fazer um dos doces mais queridos da região. Colocando essa polpa num tacho com bastante açúcar, o fogo transforma tudo num caldo grosso, que depois de frio se transforma na rapadura. Vamos por uma cerveja de malte escuro para harmonizar aqui. A Russian Imperial Stout, vai bem. As notas de malte torrado somadas com o dulçor da cerveja irão deixar a experiência com este doce bem intensa. Mas vais devagar na breja, o alto teor alcoólico pode te pegar mais forte que uma onça pintada.
Essas foram as nossas dicas de harmonização de cerveja com culinária pantaneira. Espero que o povo do pantanal conquiste dias melhores, e a todos meu imenso respeito e reverência.
Saúde!