in

Desmistificando expressões e situações cervejeiras

Várias coisas viram senso comum e com o tempo fica difícil entender o que é verdade ou mito. E o universo cervejeiro certamente não escaparia disso. Vou contar algumas coisas que a gente aprende por aí que, na verdade, não são verdades absolutas.

Mas é sempre bom lembrar que nada disso é uma falha gravíssima, simplesmente virou tradição, talvez até parte da cultura. Vamos agora desmistificar alguns jargões e situações.

Copo errado, amigo

Me diz se você não chega no bar e pede a famosa tulipa? Pode confessar, quando já não mergulho em um pint, a tulipa me acompanha na degustação! Mas você sabia que na verdade a tulipa é a taça que tem, basicamente, o formato da flor tulipa? Ela é indicada para cervejas complexas, como as da escola belga.

Seu formato ajuda a liberar os aromas por mais tempo, quando bebemos nela o líquido do fundo vai antes pra boca, possibilitando novas características sensoriais, e por fim a espuma permanece quase intacta durante a degustação.

Não sabemos ao certo em que momento aquela tacinha menor virou uma tulipa, mas é fato que se popularizou tanto que é impossível entrar num bar e não ver essa opção no tap! Aproveitando, dê uma olhada no nosso vídeo de copos para degustação de cervejas.

https://www.youtube.com/watch?v=3sc8e8nERL4

Estupidamente gelada

“Opa, consagrado! Me vê aquele chopp na caneca congelada?” NÃO!!! Eu concordo que a caneca fica bonita, perfeita pra tirar aquela foto e colocar nos stories (eu também faço muito isso rs). Mas isso vai alterar as propriedades da sua cerveja!

A água congelada na caneca vai influenciar na temperatura da bebida. Lembra que não precisamos tomar em uma temperatura extremamente baixa, né? Outro problema é que o gelo derrete e vira água, que vai pra sua cerveja! E isso vai alterar o sabor e a espuma dela, e definitivamente não queremos isso.

Por fim, a gente não sabe que água utilizam pra fazer esse congelamento, nem sempre ela pode estar limpa. Consequentemente, essa prática pode acabar contaminando o nosso líquido sagrado.

Não vou gastar com espuma

“Sem colarinho, por favor.” TAMBÉM NÃO! A espuma é essencial para uma degustação eficiente! Na verdade, é ela que protege sua bebida, pois segura a carbonatação e a temperatura, mantendo por mais tempo as propriedades exigidas pela cerveja.

Inclusive, alguns copos e taças foram justamente desenhados para que a espuma trabalhe a favor do líquido. Mas não se preocupe, dois dedinhos de colarinho já são suficientes pra você apreciar esse líquido precioso da maneira correta!

Chopp vs cerveja

Você sabia que é só no Brasil que a palavra chopp é utilizada? Ela vem do termo alemão schoppen, que significa pinta, uma medida de aproximadamente meio litro. Não à toa, era a medida utilizada para servir a cerveja!

A palavra chegou já na mesma época que a cerveja desembarcou nas terras tupiniquins, e se consagrou como uma forma de pedir por um pint de cerveja. Mas lembre-se: se estiver em outro país não vai adiantar nada chegar no balcão do boteco e pedir por um chopp!

Água mole, pedra dura

“Aquela cerveja é melhor por causa da água utilizada na produção dela!” Não! Por sorte, os cervejeiros usaram a tecnologia a seu favor e hoje em dia é possível que a cervejaria crie o perfil ideal da água para sua cerveja. Ou seja, a cerveja não vai se tornar mais saborosa ou não por conta de sua fonte.

Essa confusão acontece porque ela já foi verdade. No passado, obviamente, não existiam meios de controle químico da água. Portanto, lá na antiguidade as características da água tinham potencial de influenciar o resultado da cerveja. Quanto mais mineral, mais dura e mais seca são as sensações da água, e isso pode mudar alguns aspectos da breja.

Revelados os mistérios, agora é hora de abrir a cervejinha que está nos esperando na geladeira, mas eu vou tomar em um pint, não na tulipa ?.

Cheers! ?

Deixe um comentário

O QUE VOCÊ ACHOU?

Avatar

Escrito por Fernanda Barzenski

Relações públicas, social media e sommelière de cervejas.