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O que é uma cervejaria cigana e qual a sua importância para o mercado?

Eles são, primeiro de tudo, apaixonados por cerveja, tanto que produzem receitas incríveis. Geralmente começaram suas primeiras brasagens nas panelas de casa e aos poucos foram se aperfeiçoando, até que o hobby passou a ser trabalho. Sem uma planta cervejeira própria, a melhor opção para colocar suas criações no mercado é o modelo de cervejaria cigana.

As cervejarias ciganas seguem um formato de produção sem sede própria, ou seja, elas não possuem uma fábrica e então alugam o espaço e equipamentos de outras que disponibilizam esse serviço. Assim, as ciganas produzem suas cervejas com qualidade e dentro dos critérios regulamentadores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Essas cervejarias são chamadas de ciganas como uma associação ao estilo de vida cigano, povos sem moradia fixa e que estão sempre peregrinando por diversos territórios. O termo “cigano” – para esse modelo de negócio – foi criado por Mikkel Borg, fundador da cervejaria Mikkeller, uma das mais famosas cervejarias ciganas do mundo, com suas receitas produzida em diversos países.

Por que as cervejarias ciganas são importantes para o mercado cervejeiro?

cervejaria cigana
Fernando Meneguello, Erik Ieger Dobrychtop, Sidney Radichevski, Marcelo Nagal, Paulo Cesar Peixoto Sobrinho e Ruy Marcelo Saldanha. Crédito: foto divulgação

As cervejarias ciganas são muito importantes para a comunidade cervejeira. Devido ao custo ser mais baixo do que quando se abre uma fábrica própria, geralmente, é a porta de entrada para a comercialização de homebrewers. “O custo de produção é mais elevado para uma cervejaria cigana. No entanto, os investimentos para se montar uma planta industrial são ainda mais altos. Outro ponto é poder testar o mercado com volumes menores e evoluir a cervejaria, mantendo um nível de investimento mais acessível”, afirma Ruy Marcelo Saldanha, sócio proprietário da cervejaria cigana Ciclone.

Uma outra vantagem das cervejarias ciganas é a liberdade de testar várias receitas e estilos e colocá-las no mercado. Novidades essas que chegam no copo do consumidor e ajudam a evoluir a cultura cervejeira do país. “Não ter uma planta industrial nos permite experimentar mais esse mercado”, complementa Paulo Cesar Peixoto Sobrinho, também sócio proprietário da cervejaria cigana Ciclone.

A possibilidade de produzir suas cervejas em qualquer lugar do mundo, em parceria com diversas cervejarias, é algo que também atrai o cervejeiro para o modelo cigano. Segundo Erik Ieger Dobrychtop, sócio proprietário da cervejaria Lobos, ser um cigano permite ao cervejeiro produzir onde, o que e quando ele quiser, sem estar atrelado a nada. “Fizemos diversas cervejas colaborativas e em menos de um ano de cervejaria já havíamos feito dois lançamentos na Noruega, um na Bélgica e em diversas fábricas no Brasil. E assim, a cada lugar que passamos, conseguimos um pouco mais de conhecimento e experiências muito valiosas”, afirma Dobrychtop.

A vantagem de intercâmbio de conhecimento entre a cervejaria cigana e as fábricas

cervejaria cigana
Erik Ieger Dobrychtop, Paulo Cesar Peixoto Sobrinho, Sidney Radichevski, Fernando Meneguello, Ruy Marcelo Saldanha e Marcelo Nagal. Crédito: foto divulgação

A troca de experiências e conhecimentos entre os cervejeiros também é uma das principais vantagens do modelo de cervejaria cigana. “As cervejarias ciganas trabalham junto com as fábricas onde produzem. Isso enriquece a técnica e troca de experiências, gera um intercâmbio muito interessante e a tendência é que as cervejas melhorem de qualidade com o passar do tempo”, comenta Marcelo Nagal, sócio proprietário da cervejaria Pictos.

Segundo Sidney Radichevski, proprietário da cigana Numb Brewery, essa troca contribui muito com a comunidade cervejeira e com o que chega ao consumidor final. Isso também gera uma maior competência ao mercado e produtos com altos níveis de qualidade. “As cervejarias ciganas, pelo menos a grande maioria, prezam pela qualidade dos seus produtos e acabam trazendo ao mercado cervejas muito bem elaboradas, gostosas, diferenciadas e de certa forma limitadas, pois geralmente produzem quantidades pequenas com muito mais criatividade e isso é muito bom”, conclui Radichevski.

Para ambos os lados essa troca é muito válida. “A fábrica tem a possibilidade de ter uma parte dos seus custos sendo cobertos pela atividade da cigana, que mantém uma regularidade de produção. Para o cigano é a oportunidade de colocar a sua cerveja no mercado, contando com toda uma estrutura fabril. Acreditamos que há espaço para todos no mercado de cerveja artesanal e este modelo prova isso”, explica Ruy Marcelo Saldanha.

As quatro cervejarias ciganas mencionadas nesta matéria – Lobos, Ciclone, Numb e Pictos – fizeram parte da seleção do Beer Pack do Clube do Malte no mês de junho, com cervejas incríveis e de muita qualidade.

 

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Escrito por Ana Paula Komar

Jornalista, apaixonada por história, curiosa por culturas e apreciadora de boas cervejas!