O lúpulo é um ingrediente essencial para a fabricação da cerveja. Ele é responsável pela estabilização da bebida, ajuda na sua conservação e, principalmente, oferece aromas e sabores ao líquido sagrado. Mas cientistas estão desenvolvendo uma maneira de produzir cervejas lupuladas sem usar lúpulo.
A iniciativa foi realizada por pesquisadores da UC Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos, e os primeiros resultados foram publicados no periódico científico Nature Communications. Os biólogos da instituição modificaram geneticamente cepas de leveduras para que elas pudessem fornecer à cerveja, além da fermentação, dois dos principais sabores proeminentes dos lúpulos.
Produção de cerveja mais barata e sustentável
O propósito do estudo é viabilizar processos produtivos de cerveja mais sustentáveis e baratos. De acordo com Charles Denby e Rachel Li, os líderes da pesquisa, um pint de cerveja consome cerca de 50 pints de água para ser produzido. Boa parte desse alto consumo é para o cultivo do lúpulo.
Os pesquisadores ainda apontam o impacto do uso de fertilizantes, componentes químicos e a energia necessária para transporte das plantas colhidas, além da poluição gerada pelos veículos convencionalmente utilizados nesse processo. Assim, a utilização de levedura no lugar do lúpulo pode baratear os custos de produção e afetar menos o meio ambiente.
O “fermento lupulado”
A modificação genética das cepas de levedura foi realizada a partir da CRISPR-Cas9, uma tecnologia simples e barata desenvolvida na própria universidade norte-americana. Os cientistas adicionaram quatro genes às cepas, além de outros componentes genéticos de outras linhagens de leveduras.
Dessa forma foi possível criar um novo tipo de levedura capaz de produzir linalol e geraniol, elementos presentes em plantas, que são responsáveis pela liberação do sabor nos lúpulos. Após a criação desse “fermento lupulado”, os pesquisadores contataram Charles Bamforth, autoridade cervejeira em outra sede da universidade, para produzir uma cerveja utilizando o invento.
O resultado foi levado à prova na Lagunitas, renomada marca de cervejas lupuladas. A bebida com a nova levedura foi experimentada por 27 funcionários da cervejaria, que indicaram a amostra como sendo mais lupulada do que dois rótulos produzidos com dry hopping — algo comemorado pelos cientistas.
Denby e Li inclusive possuem uma startup incubada na UC Berkeley, chamada de Berkeley Brewing Science, portanto podemos esperar mais novidades vindas de lá no futuro.
Obviamente, muito ainda precisa ser ajustado e testado para que essa nova linhagem de levedura tenha potencial comercial e possa tomar conta das cervejarias. Contudo, os resultados iniciais parecem promissores tanto no quesito de inovação quanto de experiência sensorial.
E aí, o que você achou da iniciativa? Acredita que o lúpulo pode deixar de ser um elemento essencial para a fabricação da cerveja? Conta pra gente a sua opinião nos comentários.
Cheers!
Fonte: Berkeley News.
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