Quem acompanha o universo cervejeiro conhece o BJCP (Beer Judge Certification Program), responsável por categorizar estilos e instruir jurados para concursos. Pois, no guia de estilos do BCJP temos um capítulo sobre cervejas históricas, estilos que foram produzidos há séculos e conseguiram ser recuperados através de documentos históricos ou achados arqueológicos. Neste capítulo consta um estilo que tive a oportunidade de conhecer alguns anos atrás e me chamou bastante a atenção: cerveja Piwo Grodziskie. Ou traduzido do polonês: Cerveja de Grodzisk.
Também conhecido como Gratzer ou Champanhe Polonês, esse estilo muito popular na Polônia era produzido há mais de 700 anos. Sua base é uma cerveja leve, clara, de baixo teor alcoólico e muita carbonatação feita com malte de trigo defumado no carvalho e lúpulos e leveduras locais. Era tão popular na Polônia que, um pequeno país de 38 milhões de habitantes (por comparação, a cidade de São Paulo tem 12 milhões de habitantes), chegou a produzir 13 milhões de litros ao ano durante o século 19!
Mas por que a cerveja Piwo Grodziskie desapareceu?
O declínio do estilo começou com a Primeira Guerra Mundial e se estendeu com a Segunda. Nessa época a publicidade não era permitida, o governo desencorajou a produção de comidas e bebidas especiais e isso levou ao fechamento de diversas cervejarias. Em 1989, com o término do período comunista na Polônia, a última cervejaria a produzir a cerveja Piwo Grodziskie foi comprada pela Lech e, em 1993, encerrou suas atividades.
Em 2011 a Associação de Cervejeiros Caseiros da Polônia começou uma campanha para trazer o estilo de volta. O programa chamado “Grodziskie Redivivus” promovia o estilo entre homebrewers e também cervejarias profissionais. Coletaram documentos e receitas originais do pré-guerra e compilaram toda essa informação no programa. Como o trigo defumado no carvalho e o lúpulo Tomyski não eram mais produzidos, não demorou muito para a Weyermann começar a produzir um malte semelhante.
Em 2015, após 23 anos fechada, a cervejaria de Grodzisk reabriu com o nome de Browar Grodzisk e começou a produzir a receita original, trabalhando com uma maltaria da República Checa para reproduzir o malte exatamente como era antes e agora trabalham junto com um produtor de lúpulo para tentar replicar o Tomyski da maneira mais fiel possível.

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