Neste post, no nosso papo sobre história, é a vez da cerveja Belga, ou como eu gosto de chamá-la, a escola da alquimia cervejeira. Os belgas são conhecidos principalmente por sua ousadia, completamente na contramão da escola alemã que vimos mês passado. Aqui, os ingredientes utilizados na cerveja são os mais diversos possíveis, podendo acrescentar à cerveja adjuntos como açúcar, coentro, cravo, pimenta, canela e até frutas! Também se destacam as famosíssimas cervejas Trapistas, feitas em monastérios de monges cistercienses, e as Lambic, cervejas ácidas de fermentação espontânea.
É comum cervejarias belgas terem aspecto de fábricas abandonadas, cheias de telhas quebradas, teias de aranha e outras coisas macabras, tudo isso para preservar o padrão das leveduras em suspensão, pois qualquer reforma pode alterar a microflora do local e arruinar séculos de tradição cervejeira. Para quem olha de fora, pode parecer algo feito sem nenhum cuidado, mas na verdade é o total oposto. As cervejas Lambic, depois da etapa quente da produção, são despejadas nas “naves de resfriamento”, tanques rasos e largos, onde a cerveja fica exposta tempo o bastante para receber os convidados Brettanomyces que pairam pelo ar tão cuidadosamente tratado. Essa levedura selvagem é que vai protagonizar a cerveja, conferindo suas notas ácidas. Após, a cerveja vai para tonéis de madeira onde irá fermentar por até anos. Durante esse tempo, pode haver adição de frutas, geralmente cerejas ou framboesas, que darão origem aos subestilos Kriek e Framboise. Essas cervejas, depois de fermentadas, maturam por vários anos, e um master blender é responsável por criar misturas entre as cervejas de diferentes idades e assim criar as Gueuze.
Mas nem toda cerveja belga é ácida, a exemplo das Trapistas, normalmente alcoólicas e adocicadas. Novamente temos muita história e tradição quando falamos dessas cervejas, sendo produzidas essencialmente para subsistência dos monges. São 100% produzidas dentro dos monastérios e normalmente em pequena escala. Tente comprar uma Westvleteren e vai entender do que estou falando!
Alguns estilos clássicos da bélgica incluem: Lambic, Kriek e Gueuze, entre as ácidas de fermentação espontânea; Dubel, Tripel e Quadrupel entre as cervejas trapistas; Witbier, Belgian Blond e Saison, entre as Ale.
Rótulos de destaque: Orval, Boon Mariage Parfait, Tripel Karmeliet e St. Bernardus Wit, todos disponíveis no Clube do Malte!