A terra do vinho se rende à cerveja

Por mais que Bento Gonçalves sabem produzir boas cervejas. Acompanhe um tour de cervejarias por esta região

Bento Gonçalves é a terra da vinícola Casa Valduga. Chegamos cedo para visitar a filha mais nova da vinícola, a cervejaria Brewine Leopoldina, que é bem bonita e imponente, à beira da rodovia, em Garibaldi. Mas fiquei triste por ser longe da vinícola, que fica no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. Quando questionei o porquê, o guia informou que a instalação de cervejarias no Vale é proibida (até tentei buscar algo que me subsidiasse sobre isso, mas confesso que não encontrei). Reservamos a visita para um dia de semana, então fomos as únicas duas pessoas naquele tour. 

A visita é bem simples e rápida. O guia nos leva pela cervejaria, mostrando o processo produtivo, os ingredientes e falando sobre a história da empresa. A fase final é no bar/restaurante da cervejaria, onde pudemos provar diversos rótulos. Como estávamos apenas nós, pudemos degustar doses mais generosas, incluindo as especialíssimas Old Ale, Grape Ale e Barley Wine. Aos finais de semana o local funciona como um restaurante, com diversas opções de pratos. Ao término da visita, compramos produtos na loja (cervejas, vinhos, espumantes e outros produtos) com 15% de desconto. É meio arriscado, pois a degustação nos enche de coragem. 

A segunda visita foi na cidade de Flores da Cunha, na vinícola Monte Reale. Dentro dela funciona a bicampeã do CBC, Além Bier. A vinícola pertence à família Mioranza (mas não é a que produz o famoso vinho de mesmo nome) desde a década de 70 e a sua estrutura, toda em pedra, é linda. Mais uma vez fomos os únicos visitantes naquele horário para o tour eno-cervejeiro. Não há opção para visitar apenas a cervejaria (pois não há separação entre elas). A visita é realmente de encher os olhos, passando entre grandes e antigas barricas de madeira até chegar na adega, com centenas de barris com cervejas e vinhos em maturação. 

Depois da visita somos conduzidos a uma sala para degustação. Em tese, a degustação seria de vinho, cerveja e espumante. Mas como o guia percebeu nosso maior interesse pelas cervejas, bebemos apenas cerveja e, pra finalizar, o lendário Brandy (conhaque) da vinícola. Um barril com esse conhaque foi encontrado pelo dono quando adquiriu a vinícola, e até hoje é envasado e vendido, além de servir para infusão em algumas cervejas. A loja também fica disponível para compras. No local também há a opção para almoço típico italiano mediante reserva. Ficamos arrependidos de não reservar, pois pareceu ser uma experiência fantástica almoçar entre as enormes dornas de madeira. Único ponto negativo da visita foi não podermos provar as medalhistas do CBC ou outras produções especiais. 

Nosso último destino eno-cervejeiro foi em Caxias do Sul, na vinícola Conceição/Vinhos Dionysius. Bem menor do que as outras vinícolas, aqui funciona a Donner Cervejaria. Aqui fomos recebidos diretamente pelo proprietário e mestre cervejeiro (e vinícola), Ivan. É uma pessoa extremamente atenciosa e simpática, que nos levou para conhecer cada instalação da vinícola, da cervejaria (incluindo seus experimentos selvagens) e finalizamos no bar (que é aberto aos finais de semana). E pra finalizar ainda foi buscar alguns butiás (fruta típica do sul do país) para eu conhecer (caso tenham a oportunidade, experimente a “É de Cair os Butiás do Bolso”, uma Fruit Lambic da casa). A Donner também participa do projeto “Cosabella”, com fermentados à base de uva (incluindo cervejas) que valorizam o “terroir” brasileiro. 

Visitar essas cervejarias que conjugam os dois mundos, do vinho e da cerveja, é uma experiência bem interessante e agradável. A Leopoldina ofereceu mais opções de degustações, a Alem Bier encheu os olhos com uma arquitetura maravilhosa, enquanto a Donner dá a oportunidade de uma visita bem intimista juntamente com o proprietário.