A história da cerveja Porter começa lá no Século XVIII a Inglaterra alçava o posto de potência mundial. Possuía um enorme acúmulo de riquezas, diversas colônias espalhadas pelo mundo e uma economia próspera e estável. Um contingente imenso de pessoas sendo expulsos dos campos, afinal de contas, os poderosos estavam se apropriando das terras, esta evasão fez com que se concentrasse uma vasta mão de obra, desesperada por um emprego. A Inglaterra tinha uma infinidade de portos, o que atraía gente disposta a trabalhar com o que fosse oferecido. Assim, crescia o número de estivadores responsáveis por carregar e descarregar os navios, pela arrumação nos porões sobre o convés das embarcações, além de auxiliarem na atracagem. Trabalho exaustivo. Estas pessoas, homens, mulheres e até crianças eram conhecidos como “Porters” (trabalhadores do porto).
Era de se esperar, que após um dia de trabalho, essas pessoas esperavam como recompensa, um belo Pint de cerveja (assim como cada um de nós, ainda hoje). Pelo baixo custo, os Porters bebiam uma mistura de três tipos de cerveja: Old Ale, Pale Ale e Mild Ale. Esse Blend se chamava Entire. Com o desenvolvimento das máquinas e expansão da Revolução Industrial, outras técnicas de secagem de malte foram inventadas. As máquinas de secagem do malte com carvão mineral e até combustível fóssil, propiciou que se chegasse a outros pontos de secagem dos grãos, eles poderiam ser tostados e torrados, se necessário.
Com o malte torrado a cerveja Stout começou a ser produzida e representava um tipo de cerveja preta muito consumida nos portos da Inglaterra, adivinha por quem? Pelos Porters. Por isso elas ficaram conhecidas como Stout Porter e, com o passar do tempo, somente Porter.
O termo Porter caiu em desuso, mas anos depois foi resgatado, principalmente nos Estados Unidos. Os estilos Porter e Stout continuam atraindo fãs pelo mundo e se diferem em perfil sensorial, muito pela porcentagem malte torrado na receita. A Porter também possui várias derivações do estilo como, por exemplo, a Brown Porter, Robust Porter, Baltic Porter, Smoke Porter, Imperial Porter e Harry Porter (brincadeirinha, esse último só existe na imaginação de escritores nerds). Dito isso, ao som de Taxman do Beatles, vamos descobrir essas harmonizações.
Equilíbrio de forças
Imagina-se que as cervejas escuras costumam ser mais pesadas, mas nem sempre isso é verdade, entretanto estamos falando de uma cerveja com um teor alcóolico entre médio e médio-alto, com aromas e sabores intensos e de corpo médio. Podemos, por equilíbrio, harmonizar com pratos como rocambole de carne, feijoada e cuscuz nordestino.
Semelhança
A coisa é mais simples do que se imagina. Levando em conta os sabores e aromas que remetem a chocolate e leve café, por esse motivo (e por contraste) podemos pensar em harmonização deste estilo com carnes grelhadas, por conta da reação de sabor (chamada reação de maillard) que acontece com algumas carnes feitas em altas temperaturas e confere um sabor caramelado a elas. Combina também com algumas sobremesas com chocolate, como o próprio chocolate em barra, ou barrinhas de cacau e mousse de chocolate.
Contraste
Se pensarmos em contraste, o bom contraste de dulçor e amargor vale muito a pena. Então sobremesas como manjar branco com calda de ameixa, cheesecake, ou qualquer outra sobremesa.
Complementação
Aqui a diversão é um pouco maior. Afinal de contas, nós podemos brincar um pouco com o paladar do brasileiro e fazer um jogo gustativo entre o café, o chocolate e o leite, e de repente harmonizar um bom churros recheado com doce de leite, pudim de leite, crème brulée, ou panna cotta.
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