Estamos chegando na etapa final da nossa jornada cervejeira. A ideia a partir de agora é circundar a região de Bruxelas à procura de atrações cervejeiras e acabar a viagem na capital. Na última edição, finalizamos o dia em Vleteren. Então, após uma noite bem descansada e um bom café da manhã, o planejamento é fazer três cervejarias muito conhecidas, de preferência nessa ordem: Brouwerij Huyghe (rótulos da linha Delirium, Averbode, La Guillotine e Floris), Brouwerij Bosteels (Tripel Karmeliet, Kwak e DeuS) e Duvel Moortgat (Duvel, La Chouffe e De Koninck).
Elas ficam bem próximas umas das outras, sendo a maior distância de uma hora, o que permite conhecê-las todas no mesmo dia, desde que bem planejado. As três possuem visitação guiada para grandes grupos, então se você, assim como eu, não costuma viajar em grandes grupos, a dica é manter contato com as cervejarias a fim de conseguir encaixe em algum grupo agendado. As três visitações valem muito a pena o esforço para conseguir o agendamento. Dica de ouro: na Huyghe há degustação livre com todos os rótulos no bar da cervejaria antes e depois da visita, então chegue cedo para aproveitar bem.
Outra excelente opção, caso você não consiga conciliar todas as visitas no mesmo dia, é fazer um pit-stop em Mechelen, que fica a 20 minutos da Duvel. Nesta cidade fica a cervejaria Het Anker, produtora da linha Carolus. Além da visitação à fábrica, a cervejaria conta com hotel próprio e restaurante dentro das suas instalações. É uma experiência magnífica fazer um pernoite com jantar e café da manhã dentro da cervejaria. A cidade é pequena e o turismo fica por conta da belíssima Catedral de St. Rumbold, praça principal, caminhadas à beira do Rio Dyle e zoológico.
Conhecendo a capital da cerveja belga
Saindo de Mechelen vamos à Leuven, considerada por muitos como a capital da cerveja belga. É uma cidade universitária e recheada de bares icônicos. Carrega, ao mesmo tempo, um clima medieval e moderno em função das suas centenárias construções que contrastam com a jovialidade dos milhares de estudantes. Entre as muitas opções de bares disponíveis, aqui vão as que mais gostei: Café Belge, Beer Corner, The Capital – com uma bela adega subterrânea – e Leuven Leisure, que permite degustação e harmonização com cervejas locais. Ainda falando de passeios cervejeiros, nos arredores da cidade é possível visitar a fábrica da Stella Artois. Não custa lembrar: reserve as visitas com antecedência.
Apesar de ser uma cidade universitária, Leuven possui uma infinidade de passeios turísticos que você levaria alguns dias para esgotar: Prefeitura da cidade, Jardim Botânico, Castelo de Arenberg, praça principal, praça do mercado antigo, Universidade Católica de Leuven, Igreja de St. Peter’s e o Museu de Leuven são apenas algumas das inúmeras opções turísticas na cidade.
É hora das Lambics
Nossas próximas paradas, nos arredores de Bruxelas, fazem parte de um roteiro carinhosamente apelidado de Rota Azeda. Consiste em conhecer nove cervejarias produtoras de lambics, proporcionando uma verdadeira imersão nas cervejas de fermentação espontânea. Esse roteiro foi estudado e planejado durante alguns meses e seria executado em julho deste ano, mas as circunstâncias de saúde mundial adiaram a brincadeira. Levando em conta que a região é, em sua maior parte, rural e afastada, optei por fazer pernoites em B&B (Bed&Breakfast) próximos às cervejarias, deixando o turismo tradicional para preencher as possíveis lacunas de tempo entre uma visitação e outra. Importante destacar que alguns produtores de lambics são realmente pequenos e para conseguir visitação é necessária uma boa dose de sorte, insistência e paciência.
A rota começa pela Lambiek Fabriek, uma cervejaria que faz blend de lambics produzidas na Belgoo Brewery, uma pequena cervejaria anexa que divide suas instalações. Para termos ideia do tamanho, o tasting room, compartilhado entre as duas cervejarias, não passa de um balcão com algumas mesas e banquetas em meio aos barris. Lindo, não? Na sequência, ainda no mesmo dia, outras duas mais conhecidas: Brouwerij 3 Fonteinen – com uma ótima estrutura de visitação, incluindo restaurante – e Oud Beersel, uma tradicional cervejaria de lambic que compra o mosto pronto da Boon.
No dia seguinte, a programação é visitar outras três cervejarias renomadas que também ficam nos arredores de Bruxelas: a Hanssens Artisanaal, uma das mais antigas produtoras de lambic, a Boon Brewery, que é conhecidíssima e possui um ótimo programa de visitação, e a Gueuzerie Tilquin, fundada em 2009 e, portanto, muito nova se comparada às demais. Neste dia temos uma cervejaria bônus: a 30 minutos dali fica a St. Feuillien, que não produz lambics, mas faz excelentes estilos clássicos belgas e vale muito a pena a visita, com direito a degustação no bar da fábrica.
Para o último dia de Rota Azeda por Bruxelas, ficaram outras três: Lindemans e Timmermans, duas grandes cervejarias também com ótimo esquema de visitação, e a Girardin, uma pequena cervejaria familiar com visitação um pouco mais restrita em relação aos dias e horários.
Ainda há mais duas excelentes cervejarias tradicionais de fermentação espontânea, mas vamos deixar para visitar na edição do próximo mês, na última parte do Roteiro Belga na sensacional e sempre surpreendente Bruxelas. Até lá! Santé!