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Harmonização de cervejas na Oktoberfest

Chegou o mês de outubro! Se você é cervejeiro sabe exatamente a importância deste mês para a cultura cervejeira de todo o mundo. Esteja você em Riachão do Jacuípe (cidade de quase 34.000 habitantes, cravada no sertão da Bahia), em Blumenau – Santa Catarina – ou em Munique, na Alemanha. Todos esses lugares, obviamente resguardando suas proporções e contexto cultural, recebem sua vila cervejeira para comemorarem o Oktoberfest. Mas você sabe como isso começou?

Uma história de amor e festa

Esta tradição começou no século XIX, mais exatamente em 17 de outubro de 1810. O príncipe Ludwig von Bayern casava-se com a princesa Therese von Sachsen-Hildburghausen e, para comemorar esta união, decidiram servir comidas e bebidas típicas da região da Baviera.

De lá pra cá temos 200 anos de festividade, que ao longo de todo esse tempo só foi interrompido por conta das guerras e doenças que se abateram na Europa, sobretudo na Alemanha. Embora os festejos aconteçam em Outubro, a Oktoberfest começa em Setembro, quando o clima é mais favorável e a produção de cerveja aumenta para atender ao festival inteiro. Até o prefeito de Munique é treinado para abrir o festival martelando a primeira torneira no primeiro barril de cerveja a ser bebido.

A Escola Alemã de cerveja é a escola cervejeira mais tradicional do mundo. Lá, cerveja é levada a sério. Tem legislação específica para isso, além de um controle rigoroso de qualidade (tão rigoroso que na antiguidade o cervejeiro que servisse cerveja ruim receberia a pena de morte por afogamento na própria cerveja).

Já ouviu falar na Reinheitsgebot? A conhecidíssima “Lei de Pureza Alemã”, criada em 23 de abril de 1516 por Guilherme IV, duque da Baviera. Essa legislação definia que para ser cerveja, na Alemanha, a bebida poderia ser feita apenas com três elementos. Malte, lúpulo e água.

Você deve estar pensando: “Carlos, esqueceu da levedura!”. De maneira nenhuma! Não se sabia sobre levedura no início do século XVI. Ela foi descoberta apenas no século  XVII, daí inserida na Lei de Pureza. Antes, os alemães reutilizavam a “massa de fermentação”, que chamamos hoje de trube, para fermentar diversas cervejas. Só em meados do século XVII foram isoladas as cepas de leveduras e no século XIX compreendidas e controladas.

É o sonho de todo cervejeiro, que se preze, estar na Alemanha neste período festivo. É uma experiência única segurar sua Mass, vestir um Dirndl ou um Lederhosen (roupas tradicionais dos camponeses da região da Baviera) e por um Trachtenhut (chapéu alpino de feutro), beber muita cerveja e comer muito salsichão branco.

Hoje, ao som de Sexta-feira da banda Uhul, vou te ajudar a harmonizar cervejas tradicionais da Alemanha com comidas que você pode encontrar por aqui mesmo e o melhor, curtir essa festa tão amada, mesmo que seja na sua casa, já que esse ano vai ter que ser assim!

Weizenbier

Esta é a famosa cerveja de trigo alemã. Feita com uma porcentagem de malte de cevada e de trigo, é comum na Bavária. Conhecida como pão líquido, esta cerveja tem amargor bem baixo, é bem encorpada e com aromas que remetem a miolo de pão, banana e cravo. Às 10h da manhã, os alemães da região da Baviera bebem esta cerveja com salsichão alemão, o famoso café da manhã bávaro. Mas esta cerveja costuma harmonizar muito bem com saladas, cuscuz, frutos do mar e bolinho de bacalhau.

Kölsch

Feita na região da cidade de Colônia, cidade bem importante para a história cervejeira deste país. Esta breja, da família das Ales, surgiu num período em que as Lagers eram moda por lá, trazendo notas suaves de frutas que remetem a maçã, pêra ou, às vezes, cereja. O maltado desse estilo é igualmente leve ao das Lagers). Harmoniza bem com comidas da cozinha fria japonesa, com ostras, crepe e pastéis leves como de frango, camarão… Só não harmoniza muito bem com sua rival feita em Düsseldorf.

Altbier

Conhecida como “Velha Cerveja” (pelo método antigo de fabricação), é produzida na cidade de Düsseldorf. Nunca, em nenhuma hipótese, peça uma Altbier na cidade de Colônia, muito menos uma Kölsch em Düsseldorf, sob a pena de ser hostilizado no estabelecimento. A rivalidade entre essas duas cervejas é grande, como jogo do Brasil com a Argentina. A Altbier é predominantemente lupulada, com aromas florais, e bastante maltada, remetendo a caramelo e toffe. Tem corpo mais elevado e leve picância. Harmoniza com churrasco, hambúrgueres artesanais, salsichas alemãs condimentadas e pizza.

German Pils

Esta é a versão alemã da 1º Pale Lager do mundo, a famosa cerveja Pilsen (que na verdade não é alemã, e sim da região da Boêmia, hoje na República Tcheca). Uma cerveja leve, refrescante, de amargor moderado para leve e de coloração clássica amarelo ouro, com aromas florais e levemente maltada. É um dos estilos cervejeiros mais consumidos no mundo, sobretudo vendida aos litros na Oktoberfest. Harmoniza com queijos frescos, comidas leves, batatas fritas, comida mexicana e quibe.

Curta bastante o mês de Outubro, mas lembre-se: em casa. Viva a Oktoberfest e Prost!

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Escrito por Carlos Henrique Kruschewsky

Psicólogo, psicanalista, presidente do Dragornia Moto Club, Beer Sommelier, Homebrewer e Sócio da Dragornia Cervejaria.