Filme #3: O Cidadão Ilustre

O filme nos trás a reflexão de quão importante é a sensibilidade de entender cada sistema.

Afinal, para que serve a arte? Para quem serve a arte?

Eu tenho algumas teorias sobre cinema. Umas delas, é que bons atores tem um cuidado especial em escolher os seus papéis. Não o fazem somente pela grana porque sabem que um filme desastroso vira um carma na carreira.
Tem uma série de atores que eu acho que foram muito felizes na escolha de quase todos seus papéis. Gene Hackman, Jack Nicholson, Ricardo Darin e Oscar Martinez, o ator do filme de hoje.
“O cidadão ilustre” é um filme que trás uma provocação bem interessante: afinal, para que serve a arte? Para quem serve a arte?
O filme começa com Daniel Mantovani, interpretado por Martinez, recebendo e desdenhando um prêmio Nobel de literatura. E ele o desdenha porque entende que, enfim, suas obras se tornaram palatáveis aos leitores pobres mortais. Decide então mergulhar em uma pausa na carreira. Um tempo para reflexão e reordenação das idéias. Porém, no meio do caminho surge um instigante convite para receber outro premio: o de cidadão ilustre de Salas, uma cidade minúscula do interior da Argentina que foi abandonada há mais de 40 anos pelo famoso escritor.
Ao chegar na cidade ele se depara com a realidade: ninguém conhece a sua obra, ninguém leu uma página dos seus livros. Mas todos querem uma foto. Todos querem a sua presença nos eventos da cidade. Um verdadeiro ataque à vaidade do escritor.
Há também os inevitáveis encontros com o passado e todas as suas consequências. Diversos fantasmas reaparecem criando situações conflituosas e não esperadas, e onde os títulos e reconhecimento do escritor valem menos de 1 centavo.
O filme nos trás a reflexão de quão importante é a sensibilidade de entender cada sistema. As famílias, as turmas da escola, os trabalhos, as cidades. Cada ambiente tem suas crenças, seus códigos de ética, suas culturas e suas próprias valorizações e reconhecimentos.
Você precisa entender e respeitar isso. Até mesmo se adaptar a isso.
Ou procurar algum outro canto onde se sinta feliz. Assim é a vida meus caros.

Serviço:
País: Argentina
Ano: 2017
Diretor: Mariano Cohn, Gastón Duprat
Atores: Oscar Martinez, Dady Brieva, Andrea Frigerio
Assista ao trailer aqui.

Prêmios: Goya, Ariel Platino de Melhor Filme Ibero-Americano e melhor Ator.