cerveja maredsous
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Conhecendo a Abadia D’Aulne e Abadia de Maredsous

Era um domingo ensolarado e meu último dia na Bélgica. Já estava há 10 dias consecutivos visitando cervejarias, mosteiros e bares icônicos. Foram tantas experiências vividas e degustadas que tinha certeza que nada me surpreenderia mais, mas ainda não tinha conhecido as abadias D’Aulne e Maredsous, essa última responsável pela cerveja Maredsous. 

Deixei para o último dia um passeio cervejeiro um pouco diferente: visita às abadias D’Aulne e Maredsous. Esses são dois passeios típicos de um domingo em família. Vamos admitir: a ideia de ir para a Bélgica definitivamente não era para fazer um passeio clássico de domingo. Além disso, apesar de ser um apreciador dessas cervejas, acabei não pesquisando muito sobre o passeio, inclusive porque já sabia que não havia visitas às cervejarias. Portanto, a animação não estava em alta nesse dia. 

Depois de acomodar todas as Westvleteren e De Struise no carro, saímos de Vleteren em direção à Abadia d’Aulne. Foram duas horas de viagem, sendo boa parte em estradas de interior cortando fazendas, o que sempre acaba gerando um clima de Indiana Jones da cerveja e trazendo palpitações no coração cervejeiro.

A medida que fomos chegando o cenário foi se transformando e ficando cada vez mais bonito, com bosques e lagos decorando a paisagem. A abadia produz cerveja desde a idade média e passou por várias destruições e reconstruções até hoje. Então, logo que chegamos avistamos as ruínas da última devastação, nos levando até 1794. Logo ao lado das ruínas, estão as instalações atuais, onde são fabricados todos os rótulos da Abbaye d’Aulne. Foi incrível ver a linha do tempo da abadia e toda a força de vontade de renascer e seguir com seus propósitos. Nessa altura do passeio já nem lembrava que se tratava de um passeio de domingo e a animação estava a mil. 

Degustando direto da fonte

Após visitar todos os cantos permitidos das ruínas, fui até o café da abadia, que também era parte da cervejaria. A ideia era tomar as delícias locais direto da fonte. E assim foi. Fiz como manda o figurino: comecei com a Blonde da casa e depois fui para a Brune. Nada como degustar a cerveja dentro da cervejaria. O café estava vazio, porque naquele dia a cozinha estava fechada e senti que a minha empolgação de estar degustando uma cerveja de abadia entre os seus fermentadores estava além do permitido para o silêncio do local. 

A região tem muitos restaurantes e o completei a degustação em um restaurante à beira do lago, com uma deliciosa carne da casa ao molho da Ambrée e, claro, fritas. Para acompanhar, sequência de Abbaye d’Aulne: Ambrée, Premier Cru e Cuvée Royale. O mais interessante deste tipo de degustação é perceber como a complexidade das cervejas ganham força de um rótulo para outro. Após o almoço ainda foi possível descansar um bom tempo ao redor do lago. Que dia! Já estava me sentindo mal por ter duvidado do potencial deste programa de domingo. 

E não parou por aí a cerveja Maredsous!

Mas o passeio não podia parar! Seguimos estrada afora em direção à Maredsous. De longe já era possível ver a grandiosidade da abadia. Foi a maior igreja de abadia que visitei até hoje. Daquelas que faz você sentir a pequenez da nossa existência, o sentido da vida e quanto tempo levará para degustar a próxima cerveja. Jardins enormes e muitas famílias aproveitando o domingo.

Nas pesquisas preliminares, não encontrei nenhum café na abadia em que fosse possível degustar localmente, muito provavelmente pelo fato de que as cervejas são produzidas pela Duvel Moortgat. Mas, a sorte cervejeira estava ao meu lado: havia um “centro de recepção”, que era um centro comercial da abadia com mesas e lojas que vendiam desde artigos religiosos até o famoso waffle belga. Evidentemente que uma delas tinha cerveja Maredsous na torneira, além de taças, chaveiros e sacolas térmicas da abadia. 

cerveja maredsous

Não pensei duas vezes e pedi a régua de degustação da cerveja da abadia: Blonde, Brune e Triple. Acontece que lá a régua de degustação é servida nas taças do tamanho padrão e acompanhada de um queijo também da abadia. Foi uma longa e prazerosa degustação acompanhada de um delicioso waffle de chocolate. Depois dos três rótulos devidamente apreciados fiquei rico e comprei sacolas térmicas, taças e garrafas que deram um trabalhão para acomodar na mala depois.

E assim terminou o nosso final de semana na Bélgica, onde até mesmo um simples passeio de domingo se torna uma aventura cervejeira cheia de história. 

Até a próxima.

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Escrito por Enzo Molinari

Administrador de empresas e amante da cultura cervejeira. Homebrewer, beer sommelier e sócio-cervejeiro da Fanky Folks