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Harmonize cervejas com comidas da Bahia

Hoje vamos dar uma voltinha pelo recôncavo e litoral do meu estado, a  Bahia, o estado brasileiro com a maior diversidade de culinária de todo o Brasil.

A mística e deliciosa culinária baiana tem uma enorme influência da culinária africana, chegou aqui com os africanos que vieram ao país nos navios negreiros do século XIX. É conhecida por seus condimentos e temperos fortes como a pimenta, gengibre, cominho e açafrão da terra, tudo isso banhado em muito azeite de dendê. Obviamente não é somente de África que sobrevive a culinária da Bahia, a utilização de determinados peixes, frutas, raízes e plantas locais veio dos nossos índios, afinal de contas eles estavam aqui muito antes de os primeiros portugueses chegarem com suas caravelas, seus fogões e suas panelas. A culinária baiana é tão rica que encontramos vestígios dela até mesmo na religião e, de um modo geral, parece também influenciar a culinária nordestina como um todo.

A cara da Bahia

É óbvio que os pratos baianos são carregados de simbolismos, misticismos e uma história cheia de muita dor e sofrimento. Parar num tabuleiro de baiana e pedir um acarajé em frente ao Mercado Modelo de Salvador ou sentado na areia de uma bela praia ao som de Vinicius de Morais não é somente degustar um bolinho de feijão fradinho, frito em azeite de dendê e recheado com camarões. Aqui na Bahia isso é um ato quase religioso coberto de um peso histórico e social inigualáveis. Só vindo aqui na Bahia para passar por essa experiência. “Mas e ai, Carlos! Que é que isso tem a ver com cerveja?” Se você está se perguntando isso, deixa eu te contar um segredo. É sabido que há 6.000 anos os antigos sumérios faziam cerveja e ela se popularizou no Egito, que inclusive tinha parte do pagamento feito a alguns trabalhadores em cerveja. Então estamos falando de Egito, África, Salvador, comida baiana, cerveja e praia, olha que coisa mais linda! Então, meu rei, ao som de “Faraó Divindade do Egito”, do Olodum, é que vamos harmonizar quatro pratos típicos da Bahia com cervejas de todo canto do mundo.

 

CALDO DE SURURU: Esse parto se aproxima bastante de uma sopa, feita com um molusco chamado Sururu, à base de leite de coco e azeite de dendê. Aqui na Bahia costumamos tomar este caldo com um pouco de limão. Por equilíbrio de forças, semelhança e complementação, harmoniza muito bem com uma Witbier. Suas notas cítricas que remetem à casca de laranja, limão siciliano e semente de coentro vão agregar bastante à experiência.

>>> Veja o que temos de Witbier pra ajudar na harmonização <<<

BOBÓ DE CAMARÃO: Trata-se de um pirão de aipim com azeite de dendê recheado com camarões refogados com leite de coco e temperos verdes. Um prato bastante untuoso, será incrível harmonizá-lo com cervejas mais lupuladas, como IPAs e APAS, por conta do contraste que o amargor do lúpulo fará com a gordura do prato.

Pode vir de IPA então! Ou prefere APA?

VATAPÁ: Este é um prato tradicionalíssimo da culinária da Bahia e é feito com pão amolecido, farinha de trigo ou rosca, pimenta, gengibre, camarão fresco, azeite de dendê e temperos. Tem uma consistência bastante cremosa e, muitas vezes, serve de recheio para acarajé. Obviamente uma comida bastante untuosa e também pode ser harmonizado com IPA (como boa parte dos pratos baianos), mas vamos fugir um pouco do óbvio e harmonizar esse prato com uma Vienna Lager. Por ser um prato com certo dulçor, o dulçor de malte levemente tostado dessa cerveja cairá muito bem.

 

ACARAJÉ: Esta iguaria tombada como patrimônio histórico brasileiro é, na verdade, um bolinho de feijão fradinho frito no azeite de dendê, recheado com vatapá, caruru, camarão e vinagrete. Vamos harmonizá-lo com uma Hop Lager, cerveja de baixa fermentação e bastante lupulada para contrastar com o prato, mas também com notas bem cítricas e tropicais dos lúpulos americanos, que vai complementar muito bem o prato, além de ser uma cerveja de altíssimo drinkability e super refrescante para se beber numa praia à sombra de um coqueiro! Aproveite as dicas, curtam a experiência, muito axé e Cheers!!

E já que estamos falando da Bahia, que tal aprender harmonizações para o verão? Confira aqui!

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Escrito por Carlos Henrique Kruschewsky

Psicólogo, psicanalista, presidente do Dragornia Moto Club, Beer Sommelier, Homebrewer e Sócio da Dragornia Cervejaria.