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Harmonização de cervejas com comida nordestina

O Nordeste brasileiro tem motivos de sobra para ser um dos destinos mais desejados quando se pensa em férias. E não é somente porque as praias mais bonitas do país ficam aqui no nosso vasto litoral, nós temos festas típicas como nosso tão aguardado São João e São Pedro (nossas mais importantes festas juninas), temos um folclore rico em personagens e histórias, músicas e artistas eternizados no tempo, nossa literatura (seja em prosa, verso ou cordel), a arquitetura característica da fachada das casas de interior e temos também a famosa e consagrada culinária nordestina. Então por que não fazer uma harmonização de cervejas com comida nordestina? Fizemos e deu super certo.

A comida do Nordeste é fortemente influenciada pela culinária africana, indígena, portuguesa e em alguns lugares pela holandesa, mas a culinária do Nordeste é principalmente influenciada pela condição geográfica, social e econômica do seu povo. Ela é, sobretudo, a culinária da necessidade. Do litoral extraímos nossos peixes, do interior tiramos as raízes, carnes de quase todo tipo de bicho. Bovinos, caprinos, roedores como capivara, paca, cotia. Existe um ditado oriental que diz que “Tudo que anda, nada, voa e rasteja é comida”, aqui é mais ou menos assim, nem os insetos são deixados de lado, sabe bem que já comeu farofa de tanajura (um tipo de formiga). Dos animais nós comemos dos ossos às vísceras, e temos pratos incríveis como buchada de bode, mocotó, sarapatel, tudo regado a muita farinha. A farinha é importantíssima na mesa de um nordestino, misturamos na comida, fazemos pirão, farofa, mingau… E hoje, como o mesmo afinco que moemos mandioca, moemos também o malte para fazermos excelentes cervejas!

harmonização de cervejas com comida nordestina

Hoje, ao som de Luiz Gonzaga, vamos harmonizar 4 pratos típicos da culinária do Nordeste com cervejas para descobrirmos o quão maravilhoso pode ser juntar forró, bóia e uma “gelada”!

Caranguejo com Sour

harmonização de cervejas com comida nordestina

Comer caranguejo no Nordeste é um grandessíssimo ritual, sobretudo se você está em Aracaju (capital de Sergipe). Costuma-se comprar caranguejo em cordas, todos vivos e acabados de sair dos manguezais, mas também pode-se pedir uma porção da iguaria já pronta nos inúmeros quiosques da praia. Eles são depilados, temperados e cozidos, depois servidos num tacho com uma tábua de madeira e um pilão ou martelinho de cozinha para quebrarmos a casca e comermos a carne do crustáceo. Na praia, normalmente come-se caranguejo com American Lager, mas esta é uma harmonização cultural. Recomendo uma cerveja Sour. Sua característica cítrica e sua acidez vai substituir com muito louvor aquele limãozinho que esprememos no caranguejo, além de contrastar com o dulçor do prato

Beiju de tapioca com carne de sertão, queijo coalho e uma Hefe-Weissbier Dunkel

harmonização de cervejas com comida nordestina
Fonte imagem: mdemulher.abril.com.br

Trata-se de um beiju feito com farinha de mandioca recheado com carne de sertão (geralmente charque) e queijo coalho, na chapa. Harmoniza com uma Hefe-Weissbier Dunkel. Os sabores do malte de trigo vão se equilibrar bem com a tapioca e contrastarão com o salgado da carne. Por se tratar de uma cerveja com grão tostado (dunkel), deixará a experiência mais marcante.

Buchada de Bode com cerveja Altbier

Fonte imagem: www.clickpb.com.br

Trata-se de um prato feito com vísceras, sangue, fígado e rins de bode, (existem variantes feitas com porco ou boi), cozidas dentro de “bolsas” feitas com o estômago do bicho. Minha nossa! Conceituando assim parece meio estranho até pra mim, que sou da terra, entretanto, apesar de exótico, é um prato muito saboroso que harmoniza muito bem com uma cerveja Altbier. Cerveja de origem alemã de amargor marcante para contrastar com a untuosidade, ainda assim bastante maltada, contribuindo com dulçor.

Cuscuz com Josefina, manteiga de garrafa e Belgian Gold Strong Ale

Trata-se de um prato feito com flocos de milho cozidos na cuscuzeira de mainha, com um tipo de calabresa bem fininha (que chamamos de josefina) com manteiga típica do Nordeste (uma manteiga que se mantém líquida mesmo em temperatura ambiente. Aqui no Nordeste pode acabar tudo, menos o cuscuz… me enche a boca de água só de pensar e a vontade de dizer que harmoniza bem com café com leite é grande, mas como é sobre cerveja vamos de Belgian Gold Strong Ale. Seu dulçor e as notas frutadas (que remetem a compota de laranja, maçã, pêra) e condimentadas vão acrescentar ao dulçor da manteiga e contrastar com o salgado da josefina, tornando a experiência única.

 

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Escrito por Ana Paula Komar

Jornalista, apaixonada por história, curiosa por culturas e apreciadora de boas cervejas!